sexta-feira, 27 de abril de 2012


Felicidade



“ Há coisas que não conseguimos explicar… Mas mesmo assim tentamos interpretá-las.

Há coisas que não conseguimos acreditar sem ver… Mas mesmo assim continuamos a ter fé.

Há coisas que não conseguimos perceber… Mas mesmo assim continuamos a procurar respostas.

De todas as coisas do mundo difíceis de explicar, acreditar ou perceber… a que todos procuramos é a Felicidade! A Felicidade… sim! Todos queremos ser Felizes!

Felicidade… felicidade…

Tentamos explicá-la… Mas não há palavras que a descrevam…

Tentamos acreditar nela… Mas muitas vezes falta-nos a fé…

Tentamos percebê-la… Mas no entanto não obtemos respostas suficientes…

E mesmo assim, ao longo de toda a nossa vida continuamos a procurá-la e a tentar dá-la a conhecer… E isso é o melhor da Felicidade… Mesmo não sabendo tudo sobre ela, sabemos que a procuramos, para nós e para os outros!”

sábado, 21 de abril de 2012

José Saramago foi um romancista, poeta e dramaturgo português. Natural de Azinhaga, concelho da Golegã, Saramago cresceu em Lisboa, onde sempre viveu com muitas dificuldades económicas, tendo mesmo que desistir dos estudos. Foi serralheiro mecânico, jornalista, tradutor e desenhador.
O seu primeiro livro, “Terra do Pecado”, data de 1947. Esteve sem escrever até 1966, época em que trabalhou numa editora em funções de direcção literária e de produção. Foi comentador político do Jornal "Diário de Lisboa" em 1972 e 1973 e director-adjunto do "Diário de Notícias em 1975.

Obras de José Saramago

Romance
  • Terra do Pecado, 1947
  • Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
  • Levantado do Chão, 1980
  • Memorial do Convento, 1982
  • O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
  • A Jangada de Pedra, 1986
  • História do Cerco de Lisboa, 1989
  • O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
  • Ensaio Sobre a Cegueira, 1995
  • Todos os Nomes, 1997
  • A Caverna, 2000
  • O Homem Duplicado, 2002
  • Ensaio Sobre a Lucidez, 2004
  • As Intermitências da Morte, 2005
  • A Viagem do Elefante, 2008
  • Caim, 2009
Poesia
  • Os Poemas Possíveis, 1966
  • Provavelmente Alegria, 1970
  • O Ano de 1993, 1975
Crónica
  • Deste Mundo e do Outro, 1971
  • A Bagagem do Viajante, 1973
  • As Opiniões que o DL teve, 1974
  • Os Apontamentos, 1976
Diário
  • Cadernos de Lanzarote I, 1994
  • Cadernos de Lanzarote II, 1995
  • Cadernos de Lanzarote III, 1996
  • Cadernos de Lanzarote IV
Viagem
  • Viagem a Portugal, 1981
Conto
  • Objecto Quase, 1978
  • Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido, 1979
  • O Conto da Ilha Desconhecida, 1997
Teatro
  • A Noite, 1979
  • Que Farei Com Este Livro?, 1980
  • A Segunda Vida de Francisco de Assis, 1987
  • In Nomine Dei, 1993
  • Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido, 2005

Infantil

  • A Maior Flor do Mundo, 2001
As obras de José Saramago estão traduzidas em vários países, entre os quais Espanha, Holanda, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Japão, Hungria, Suíça, Argentina, Colômbia, México, Cuba, União Soviética, entre muitos outros.
Entre os muitos prémios que recebeu destaca-se o Nobel da Literatura em 1998. Foi Doutor "Honoris Causa" pela Universidade de Turim em 1991, pela Universidade de Sevilha, também em 1991 e pela Universidade de Manchester em 1994. Foi condecorado Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada em 1985 e Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras Francesas em 1991.
José Saramago morreu no dia 18 de Junho de 2010, aos 87 anos, na sua residência de Lanzarote, em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença.

Memorial do Convento é uma obra literária escrita por José Saramago. Em resumo, o livro conta duas histórias que, a dado momento, se entrelaçam.

A primeira história leva-nos ao tempo da construção do Convento de Mafra, cuja edificação foi feita por D. João V e oferecida a Deus, para que este lhe desse um herdeiro, uma vez que o rei era casado já há dois anos com D. Maria e até então não tinham tido filhos. Saramago fala e critica a opressão que os nobres e o clero exerciam sobre o povo, uma vez que esta grandiosa construção custou muitos sacrifícios e originou muitas mortes dos populares.
A segunda história é a história de amor entre Blimunda e Baltazar, pessoas pobres e humildes. Blimunda tem o dom de ver por dentro das pessoas, mas para isso tem que estar em jejum.
São ambos amigos do padre Lourenço, um homem perseguido pela inquisição, que tem o desejo de voar e que, para isso, desenhou uma máquina, à qual chamou passarola. Pede a ajuda de Baltasar para a construir e este, após algumas hesitações, aceita. Com a ajuda da amada, mudam-se para a quinta do Duque de Aveiro, em S. Sebastião da Pedreira, para iniciarem a obra.
Entretanto, com a partida do padre para a Holanda, o casal parte também para Mafra, que é a terra de Baltasar. Estiveram sem se ver durante 3 anos, até que Baltasar recomeça a construção da máquina. Num desses dias, consegue voar e nunca mais aparece. Blimunda procura-o durante nove anos, até que um dia, num auto-de-fé, encontra-o. Ele fora condenado à fogueira.
Até esse ponto, Blimunda nunca tinha visto Baltasar por dentro, pois mal se levantava comia sempre um pouco de pão, para não estar em jejum. No entanto, instantes antes de morrer ela olhou-o, recolheu a sua vontade, porque ele lhe pertencia.
Não me Peçam Razões...

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
José Saramago
Poema à boca fechada


Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
José Saramago

Paraíso

Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol não me constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita o sumo de lua e de laranja.
Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota…
Crepite, em derredor, o mar de Agosto…
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!
Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençois o lume do teu peito…
Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.

David Mourão-Ferreira